No limiar da exaustão

Aquele que tiver paciência terá tudo o que deseja.
(Benjamin Franklin)
 
 
Como já venho referindo, não sou especialista em educação. Sou apenas alguém que teve formação pedagógica, tem algum tempo de experiência no ensino e, principalmente, tem um catraio de 4 anos que, diariamente, me põe à prova e me lança novos desafios nesta aventura que é a maternidade.
Hoje, apraz-me falar de paciência. Não apenas aquela que temos de ter face às birras do cansaço, do sono e até da afirmação da personalidade. Não existem mães perfeitas (embora aspiremos a sê-lo). Nem sempre nos encontramos com energia, saúde, paciência e boa disposição. Não somos máquinas.
Pessoalmente abomino as pessoas que olham de lado quando uma mãe/pai se encontra a ralhar com os filhos. Sou completamente contra a "palmada pedagógica", penso que através do diálogo e de alguns ralhetes é possível ter uma relação de equilíbrio entre pais e filhos pequenos.
Até cerca dos 3 anos, a criança funciona num registo reativo, ou seja, se nós formos stressados ou ansiosos, a criança terá tendência para repetir esse comportamento.
Li livros e mais livros sobre este assunto. A minha mesa de cabeceira está cheia de conselhos dos mais diversos especialistas portugueses e estrangeiros. Considero que o conhecimento e o instinto devem andar a par e passo com a jornada educativa.
Mas não perdendo o fio a esta meada, proponho-me tecer algumas considerações (da minha lavra) acerca da paciência que se deve procurar ter com os nossos rebentos:
 
 - Por vezes não há forças para suprir com os cuidados que a criança requer nas suas diferentes idades(só posso falar acerca dos primeiros 4 anos, a minha experiência não me permite ir mais longe). O trabalho, o cuidado da casa e até a falta de saúde, conseguem transformar estes cuidados numa tarefa absolutamente titânica. Nessas alturas, foco-me no amor que tenho pelo M. e no facto dele ser completamente dependente de mim. Nessas alturas, por muito que me possa custar, tenho de me anular por completo.
 
- As privações também podem ser um motivo de falta de paciência. Quantas vezes não me apetecia dar uma voltinha descansada sem preocupações. A noite também pode ser uma aventura se os catraios dormem mal, ou estão na fase dos medos e dos pesadelos. Acreditem que a privação de sono consegue ser torturante (eu, felizmente não me posso queixar muito disso, sou uma sortuda).
 
- As coisas demoram o dobro do tempo. Pois é, se tenho de sair às 08.30h de casa, o melhor mesmo é acordar de madrugada. A criança quer vestir-se sozinha, vai querer comer sem ajuda, calçar os sapatos ao contrário, pôr a pasta toda torta e a cair na escova de dentes e um sem número de coisas torturantes que nos deixam com os cabelos em pé. O melhor mesmo é a conformação e mudar os hábitos de deitar e de acordar, para se poder começar o dia sem stress. Dizem os entendidos que o stress pela manhã envelhece, cansa e estraga o dia...

- De noite, ai as noites, os serões propriamente ditos - Vá, está na hora de ir para a cama! Buááááááá, quero brincar mais um bocadinho, vá lá só mais estes minutos!! Posto isto, 15 minutos antes do veredito final vou avisando de que a hora do xixi cama  se aproxima a passos largos. E assim se vai levando a coisa.

- A altura de arrumar os brinquedos nem sempre é pacífica. Quando o miúdo está cansado, depois de um dia de escola com muita brincadeira e atividades à mistura, quer sempre que seja eu a arrumá-los - Vá lá mãe, só desta vez! Aí começa a guerra, a pilha de nervos e as tentativas de incutir hábitos de regras e rotinas. Tento explicar-lhe, com calma que, quem desarruma tem de arrumar, mesmo quando se está cansado. Esta tem sido uma questão que, cá por casa, não tem sido muito desobstinada. Felizmente, nesta altura do campeonato, à medida que vai mudando de brincadeira, vai arrumando os anteriores brinquedos. Portanto, quanto a isso, permitam-me a presunção: acho que fiz um bom trabalho!

Poderia ficar aqui a discorrer sobre um sem-número de casos que embranquecem os nossos cabelos precocemente. Mas que cabelos brancos tão bons, é o que vos digo...

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