Diário da Horta VII


Por cá, já quase a tocar a Primavera, as temperaturas frias teimam em não abandonar as terras serranas. Para mim, tem sido um verdadeiro suplício. Passo mal com o frio! Os ossos enregelam-se-me e dá-me muito mal-estar. Venham as temperaturas escaldantes que emanam do interior da Península no Verão!
Ao longo do Inverno apenas tivemos couves: lombarda, penca, negra, flor.
Às portas de Março, as terras começam a lavrar-se para se plantar tomate, pimentos e alfaces. Por cá, a vizinhança já anda frenética com os tratores a lavrar tudo quanto é quelha. Nós, oriundo da urbe, não somo assim tão empenhados. A verdade é que este Inverno deixei um pouco a horta à sua sorte. Está fora de questão ir para lá, antes da malta cá de casa acordar, por outro lado o frio é mais que muito a essa hora! O Verão, neste aspeto facilita muito a gestão do tempo que passo na horta. Às 07.00h da matina o trabalho já costuma estar aviado (para não mencionar a boa disposição que isso me provoca).
É sabido que a geada dá cabo de tudo quanto é plantação (ou quase tudo). Honestamente, não me dou a trabalhos de tapar com plásticos e redes para proteger a horta da geada. A verdade é que, por muito que gostasse de ser uma pessoa muito feita à serra, habituada aos trabalhos do campo, não passo de uma citadina, nada e criada em Lisboa! Não que isso seja mau, pois tenho muito orgulho nas minhas origens alfacinhas!
Como não dispomos de alguns utensílios que nos facilitem a vida, foi preciso um fim-de-semana inteiro para lavrar e revolver a terra. Agora, é só esperar que o tempo comece a melhorar. Este ano gostava de experimentar beringelas para além das habituais plantações. O indispensável tomate, os belos dos pimentos, as monstruosas curgetes, etc., etc....
Até lá, tenho de colocar mão à obra noutras coisas que se podem ir fazendo: podar a roseira, renovar caldeiras, ir limpando o cantinho das aromáticas, e por aí a diante.
Uma coisa é certa, tratar de três quelhas com material muito rudimentar é difícil. A operação lavrar é sempre uma árdua aventura!
 

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