Diário da Dieta XII


Há cerca de duas semanas retomei em força a dieta. Porque me sentia bem e com forças para empreender a tarefa, recomecei uma boa alimentação complementada com exercício regular. Estou há exactamente duas semanas sem ingerir doces ou qualquer outra guloseima. Para muitos pode ser um pequeno passo, mas para mim é um grande feito. 
O mais difícil continua a ser o serão em que, depois da toma de determinados medicamentos o meu apetite torna-se voraz e, por muito bem que jante, sinto uma fome atroz. Às vezes tento deitar-me o mais cedo que consigo para adormecer e não pensar mais no assunto. Outras vezes, bebo uma caneca de leite magro para enganar a fome. 
Há cerca de duas semanas o meu Filho questionava-me porque a nossa família era toda gorda e por que motivo eu não emagrecia. Apesar dos seus tenros cinco anos já sabe que a obesidade não é salutar. Foi assim que me pediu que lhe prometesse que emagreceria. Agora, sempre que me vê com o saco da natação de manhã diz-me carinhosamente que vou nadar para ficar magrinha. Também já sabe que a água com gengibre que ele, por vezes, à noite, me ajuda a preparar, serve para eu emagrecer. 
Desta vez o M., longe de conhecer os meus problemas em relação à comida, aos meus distúrbios compulsivos e às minhas dificuldades metabólicas provocadas pela poli-medicação, na sua ingenuidade dos seus cinco aninhos, acredita que um dia a Mãe emagrecerá. Devo-lhe isso. Devo-lhe não uma Mãe bonita, porque a esta altura do campeonato a beleza preocupa-me menos, mas devo-lhe uma Mãe saudável que possa correr atrás dele, brincar com ele e tratar dele. Aquela Mãe que um dia, em seu nome, largou o vício tabágico de vinte anos por ele, quero crer, será a mesma que por ele também abraçará um estilo de vida mais saudável que contemple uma boa alimentação e exercício físico.  
Obviamente que me preocupam as fases em que a saúde não me bafeja. Temo a doença, pois nunca sei quando as crises me baterão à porta. As psicoses agudas, por exemplo, dão-me uma enorme vontade de comer compulsivamente numa tentativa de me abstrair das vozes que oiço na minha cabeça. Mas a verdade é que não posso viver condicionada pelo medo destas alucinações e das suas repercussões nas diversas facetas da minha vida. Tenho de viver o meu dia-a-dia com confiança no futuro. Tenho essencialmente de acreditar em mim. Por estes motivos, há quatro anos comecei uma batalha contra o excesso de peso que tem conhecido muitos altos e baixos, mas cujo denominador comum é o recomeço. A moral da história continua a mesma - posso cair, mas permanecer no chão, nunca!

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