Momentos inesquecíveis


Neste Natal resolvi fazer um calendário do Advento para fazer com o M.. Como ele já tem cinco anos achei que começaria a interessar-se por estas coisas. Construí artesanalmente um em que a cada dia corresponde uma atividade. Começou no primeiro dia do mês e terminará com a abertura das prendas do Pai Natal, a 25 de Dezembro. 
Como já tenho referido, aqui por casa, Natal é festa profana. São dias em que se confraterniza com a família, fazem-se iguarias na cozinha e comem-se coisas que engordam muito, mas que sabem muito bem. Este ano, como referi, o mês de Dezembro tem tido um sabor diferente. Todos os dias, quando o M. volta da escola, tem uma tarefa a fazer. Desde prendas aos avós  à confeção de bolachas para distribuir pelos colegas e amigos de escola, temos um pouco de tudo.
No passado Domingo calhou-nos as bolachinhas. Foi uma tarde muito bem passada. Como esta seção do blog pretende ser uma amálgama de considerações minhas acerca de questões educativas, importa falar um pouco sobre os objetivos desta atividade.
 
Partiu-se de um desafio: fazer bolachas natalícias. Embora ele não saiba ler, esteve sempre ao meu lado quando fui à net pesquisar uma receita adequada, que tivesse as quantidades suficientes para fazer muitas unidades. Logo aqui ter-se-á aprendido, de forma muito ligeira, pois a faixa etária é ainda muito precoce, que quando não sabemos algo, temos de procurar respostas. O desconhecimento da receita não impediu a realização da atividade.

A realização da tarefa propriamente dita teve os seus desafios. Manter uma criança que acabou de fazer cinco anos numa tarefa, durante mais do que uma hora, não foi tarefa fácil! Na verdade foi positivamente surpreendente ver como fui conseguindo manter o M. a cooperar na atividade (com algumas distrações pelo meio). Foi fundamental deixá-lo "refrescar a mente" de tempos a tempos, para que pudesse manter o interesse no que se estava a fazer. Algum jogo de cintura da minha parte, penso que terá sido fundamental. Aconselho, se é que os meus conselhos têm algum valor, a arranjar constantemente pequenos objetivos para que a criança se vá mantendo interessada na atividade. Ou seja, quando o via cansado, propunha-lhe uma pequena tarefa, dizendo-lhe que sem a sua ajuda preciosa a mãe jamais conseguiria fazer determinada coisa. As crianças adoram sentir que são muito necessárias! Penso que aqui é fundamental ir transmitindo aos nossos filhos que as tarefas que se começam são para ser terminadas. É um ensinamento para a vida...

Fazer algo para ou pelos outros é uma coisa que, não sendo eu uma pessoa muito altruísta, gosto de fazer. Gosto de presentear e agradar às pessoas de quem gosto. Fazer uma prenda ou servir um "pequeno-almoço dos deuses" de que o meu Filho tanto gosta aos Sábados, faz-me feliz. Penso que a nossa felicidade, ou pelo menos a minha, também se reflete naquilo que faço pelos outros. Repito, no entanto, que não sou o protótipo da pessoa altruísta, existem pessoas milhões de vezes mais valiosas do que eu! Considero importante educar para a empatia. Educar para a empatia pode contribuir para um mundo melhor. Não somos nós pais, afinal, um pouco responsáveis por pequenas parcelas do futuro? Se semeamos ventos colhemos tempestades, se semeamos amor...

A cooperação que se estabeleceu entre mim e o M. foi muito educativa. Enquanto eu esticava a massa ele aplicava os moldes para fazer as figuras e, ambos, punhamos as bolachas no tabuleiro do forno. Feitas e arrefecidas as bolachas começou a operação embrulhar, que também foi feita em conjunto. Verdadeiro trabalho de equipa capaz de transmitir à criança a ideia de que o trabalho se faz melhor e com mais eficácia se houver perfeita cooperação entre os elementos responsáveis pela execução da tarefa.

Terminados os embrulhos e as bolachas devidamente acondicionadas, restou-nos esperar por segunda-feira para as levar para a escola para cumprir com um outro objetivo - partilhar. Saber partilhar é uma virtude. Sabendo que o M. é filho único, considero importante limar esta faceta da sua educação na medida em que penso que a maioria dos morgados tem alguma dificuldade neste pequeno pormenor da vida!

E assim, com mais ou menos pedagogia, com muito amor, partilha, cooperação e muitos abraços pelo meio, se vão construindo momentos inesquecíveis com os nossos filhos. O que vivi, na infância, com os meus Pais e com o meu Irmão foram experiências inesquecíveis. Sabendo as marcas que elas tiveram em mim, quero poder ter ainda mais disponibilidade para o M.. Quero, acima de tudo, aproveitar cada momento em que consigo estar com ele. Não interessa que o jantar se cozinhe mais tarde, não interessa que as camas ainda não estejam feitas (apesar de, confesso, me custar muito), importa sim tirar tempo de qualidade para estar com o meu pequenote que, muito em breve deixará de ser o meu menino...


 

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